Todo mundo busca, mas pouca gente consegue encontrar um amor que supere o maior dos desafios, o tempo. Qual seria o segredo para um casal continuar junto apesar das mudanças de temperamento dela, da teimosia dele e das inúmeras divergências de uma vida toda? “Tolerância e bom humor”, afirma a psicanalista Lidia Aratangy, que trabalha há mais de 30 anos com terapia de casais, ela mesma casada há quase 50 anos. Em seu livro O Anel Que Tu Me Deste - O Casamento no Divã (Primavera Editorial), Lidia reforça o que é senso comum: “Cada casal deve cultivar tolerância, afeto, diálogo e sinceridade. Eis os ingredientes que não podem faltar para se construir uma relação duradoura e feliz."
Num grande amor, capaz de sobreviver ao lado B da vida (a rotina, a dor, a doença, as instabilidades e as dificuldades financeiras) é preciso dourar a pílula e entender que, ao contrário da alma gêmea, o outro é, na verdade, muito diferente de nós. “Quanto mais cientes das diferenças somos, mais tolerantes nos tornamos diante dos conflitos que delas resultam. Aceitá-las deixa o relacionamento mais leve”, diz o escritor americano John Gray em seu livro Por Que Marte e Vênus Colidem - Como Homens e Mulheres Podem Driblar o Estresse (ed. Rocco).
Mais do que as diferenças, há que se lidar com a transformação pela qual cada um passa ao longo da vida. O companheiro não será sempre o príncipe por quem você se apaixonou. É preciso apaixonar-se todos os dias por um novo homem, como sugere Lidia. “O rapaz de 20 anos que foi seu namorado não é o mesmo aos 30, quando virou pai. E a princesinha de 20 anos se revela outra pessoa diante do filho com febre. Ambos estão em contínua mudança e, para que continuem juntos, têm de aceitar a beleza desse processo”.
A ilusão do amor romântico pode precipitar o fim do relacionamento. “O erro está em idealizar o par amoroso e, para manter essa idealização, não poupar esforços”, diz a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins em seu livro A Cama na Varanda - Arejando Nossas Ideias a Respeito de Amor e Sexo (ed. Best Seller). “Imagina- se que no casamento se alcançará uma complementação total, que as duas pessoas se transformarão numa só, que nada mais irá lhes faltar e, para isso, marido e mulher esperam ter todas as suas necessidades pessoais satisfeitas pelo outro.”
Ledo engano. “Casamento é feito de doação, generosidade. Para que dê certo, cada um tem que se ocupar de fazer o outro feliz. E saber que o outro não pode nos dar aquilo que temos que conquistar por nós mesmos”, insiste a terapeuta de família e casal Lana Harari. Mas cuidado: doação não significa anulação da personalidade. “Muitos casais acreditam que precisam se sacrificar para agradar o parceiro. De fato, todos os relacionamentos exigem adaptações, compromissos e sacrifícios, mas não temos que abrir mão de nós mesmos”, diz John Gray. Todo casal tem projetos comuns, crenças e ideais compartilhados, o que não pode impedir que mantenham sua individualidade. “Quando alimento meu universo interno, me torno mais interessante para ele, sem me colocar em sua sombra e em sua dependência. Isso é autonomia”, explica Lana.
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